Reforma - Dinheiro que se recebe quando se deixa de trabalhar.
Pensão - Renda anual ou mensal, que se paga vitaliciamente ou por determinado tempo.
Apesar de parecidos, os termos são bastante diferentes para mim.
Um reformado é alguém que recebe uma certa quantia após a sua vida activa por ter trabalhado e, consequentemente, vive o seu último capítulo na Terra sem qualquer preocupação.
Um pensionista, já me parece alguém que depende de uma renda mensal, durante determinado tempo para sobreviver e aguentar-se neste mercado universal capitalista.
Reparem comigo - nunca vi uma promoção para pensionistas. Nunca a Inatel promoveu uma viagem para pensionistas. Nunca um produto foi desenvolvido para pensionistas.
Já um reformado possui todas as vantagens de ser reformado, pois parece que é um termo bem aceite pela população.
Parece uma pequena querela semântica, mas não o é.
Em Portugal existem reformados e pensionistas, e não é a mesma coisa.
Se alguém, após uma vida contributiva positiva, pois o seu emprego assim o permitia, receber um valor bastante elevado que lhe permita, mesmo findada a vida activa, viver uma parte final da vida de forma bastante agradável, permitindo mesmo que aforre, esse alguém é reformado.
Se alguém, após uma vida contributiva mais difícil, pois não conseguiu um emprego mas sim um trabalho, receber uma renda para sobreviver durante a sua parte final da vida, chegando a pedir dinheiro aos filhos para pagar os medicamentos, esse alguém é pensionista.
Isto leva-nos a uma questão: Porque é que todos nós não podemos ser reformados?
Porque mais uma vez, não existe ponderação, só proporcionalidade.
Coeteris paribus:
As questões matemáticas aqui são simples - Se alguém trabalha 40 anos e recebe cerca de 30000€ (2500€ mês, não se inclui o 13º mês) com a devida evolução dos salários, anualmente, irá descontar para a segurança social durante esse período 11% todos os anos (3575€), e acabará por descontar no fim 120000€. Usando o cálculo para reformas em vigor, temos isto:
P = (2500 euros x 25 anos)+(2500 euros x 15 anos) : (25 anos +15 anos) = 2500€
Ou seja, irá receber o mesmo que recebia quando trabalhava.
Mas, uma pessoa reformada, já terá a casa paga, já terá o carro pago, já não pagará as propinas aos filhos, já não terá que usar transportes para o emprego, já não terá que almoçar fora de casa. E vai receber na mesma o valor que recebia quando era activo. É justo? À primeira vista parece que sim. Se descontou merece uns anos descansados.
Mas eu escolhi um valor 5 vezes superior ao salário mínimo para exemplificar a situação de um reformado, pois se escolhesse o salário mínimo estaria a falar de um pensionista.
Uma pessoa pensionista, paga renda porque não conseguiu arranjar empréstimo para ter casa, se tiver carro já não é mau, não pagou propinas aos filhos porque não tinha dinheiro e ainda tem que lhes pedir ajuda, tem que almoçar em casa, porque sempre foi assim a sua vida. E vai receber na mesma o valor que recebia quando era activa. É justo? À primeira vista parece que sim. Se descontou pouco só merece aguentar-se.
Eu pergunto:
O reformado que recebe 2500€ por mês não pode receber só 2000€? Reencaminhando 25€ para 20 pensionistas que recebem 500€ (não falo de 200€ e 300€, porque isso é inqualificável)?
Acho que pode, acho que deve.
Por isso, proponho a ponderação nas reformas.
Nenhum português deve receber uma reforma 5 vezes superior ao salário mínimo. Não me interessa se descontou para mais, pois certamente se descontou para mais também aforrou mais, também tem poupanças, também tem PPR´s, também tem bens e propriedades.
E esses descontos que fazem a mais devem ser redireccionados para os pensionistas, para que estes se tornem em reformados.
Mas é impossível pedir a quem recebe mais de 3800€ por mês (que por acaso até vale a quadruplicar para o cálculo da reforma), que faça essa alteração, pois estaria a tirar das suas reformas para redistribuir por quem não teve as mesmas oportunidades.
E isto manter-se assim. Como está. É justo? É, mas não para mim.
Acabemos com as reformas milionárias. Coloquemos um tecto máximo coerente. Redireccionemos os excedentes para quem precisa. A justiça social merece um esforço de todos. Quem recebe mais e desconta mais deve agradecer o facto de viver uma vida mais desafogada e não se importar de descontar o mesmo para receber menos, com a certeza que estará a ajudar os próximos.
Vamos mudar de mentalidade. Dar um passo atrás para dar dois à frente.
PS: É certo que os mais críticos, usarão o Coeteris Paribus, para desconstruir este pensamento, verificando o formalismo de que nada é constante em detrimento do conteúdo - pois, o mundo muda, as remunerações mudam, e é impossível calcular dessa forma as reformas.
Mas é. É fácil. Basta fazer a correspondência entre a quantificação real dos ordenados ao longo dos anos.
Diria mesmo que é mais fácil de calcular do que um qualquer derivado financeiro.
Mas esses serão sempre simples egoístas e não há volta a dar.
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