Boa Noite,
Parece-me uma medida bastante perigosa.
PP Coelho parece obcecado por uma revisão constitucional, não se sabendo os pontos que quer focar - será a parte das eleições legislativas?
Agora é o próprio PSD que defende a redução de deputados.
Caso o PS aceite (e esta pressão pública, com petições que ninguém sabe de onde partem, com comentadores políticos parciais e um povo revoltado, podem ser agentes decisórios), então certamente estaremos a rumar para o bipartidarismo ,e o conhecido Centrão dominará a democracia portuguesa a seu belo prazer.
Os deputados foram eleitos para um mandato na AR e agora não faz sentido rever as regras para o futuro a "meio do jogo", sem que primeiro haja um debate alargado sobre como se deve processar a atribuição de lugares nas eleições legislativas, tentando que a pluralidade politica seja sempre o motivo prioritário para qualquer alteração.
É óbvio que se deve reduzir despesas, mas porque não começar pelas regalias que os deputados dispõem (subsídios de transporte, comunicações, cálculo das reformas e reformas duplas e triplas, etc.)? Porque não começar pelos staff´s partidários que parasitam nos Ministérios, Direcções Gerais, Institutos Públicos, Governos Civis, Câmaras Municipais, Empresas Municipais, etc.? E , porque não começar pelo outsourcing a firmas de advogados para pareceres ao "bem bom".
Será mais lógico pedir aos deputados que desempenhem os seus papéis como representantes do povo numa componente verdadeiramente técnica (e aí, dava para perceber o grau de competência de cada um), e que não deleguem as suas obrigações nas "entourages" partidárias, ficando livres para desempenharem um papel representativo de interesse meramente partidário, com a fuga constante para as reuniões das concelhias.
Assim, posso dizer que estamos perante uma ideia política perigosa, numa altura delicada e com resultados económicos praticamente nulos perante tanto desperdício existente à volta da AR. E o populismo existente em Portugal ajuda e muito, e vocês, Comunicação Social, deveriam abordar estes temas de uma forma mais responsável e descobrir de onde saiu a petição online e quais os verdadeiros motivos para este tema surgir agora.
Pessoalmente, acho que 100 deputados já era bastante, desde que todas as grandes forças partidárias estivessem representadas, porque já reparamos que, enquanto nos pequenos partidos, a dúzia de deputados desdobra-se em trabalhos parlamentares, no PS e PSD existem muitos que nunca falarão no hemiciclo, ou se falarem nem as regras protocolares conhecem - lembro o incidente entre Jaime Gama e o Secretário de Estado da Educação.
Mas a ideia subjacente a esta ideia populista não aponta para esse sentido.
Por mim, a partir dos 20 deputados, quem tiver direito a mais, abdica da entrada destes e vota como se fosse a somar. Ex: Um partido com direito a 40 lugares fica com 20 e estes votam a dobrar!
De resto, uma chamada de atenção para o BE, que irresponsavelmente abordou o assunto. Todos sabemos que os deputados não representam os distritos pelos quais foram eleitos - o maior erro da democracia representativa portuguesa (no meu entender a accountability deveria ser adoptada em cada círculo eleitoral) - por isso antes vale falar frontal do que ir por esse caminho.
Atenção Portugal!
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