18 outubro 2013

E o dia nasce

Uma história de crianças perdidas.
Um destino traçado por memórias esquecidas.
Um caminho qualquer sem rumo definido.
Um momento que não chegou a ruído.
Mais um dia normal de indiferença.

Cabelo solto e brilhante. Olhar adocicado pela luz.
Sorriso ternamente reluzente. Toque indecisamente quente.
Ela era assim no passado.

Inquietação no movimento. Força perdida na voz.
Suor na frigidez do silêncio. Incapacidade de comunicar.
Ele era assim no passado.

Mas ela hoje acordou.
Mas ele hoje já não está.
Mas a música não acabou.
Alguém a vai cantar.

E a mudança vai gritar por ele.
E as peripécias suceder-se-ão.
E o reencontro acontecerá.
E o cruzamento decidirá.

O conto de fadas contado pelo diabo.
A epopeia que não consagra heróis.
O espectáculo sem pano de fundo.
A dança sem música.
O adeus sem olá.
A simplicidade da incapacidade.
O medo do medo.

A porta fecha com a escuridão da noite.
E o diabo sorri.
E toda a gente aceita.

O cinzento que passa pacientemente para negro.
A voz que não emite a ternura por palavras.
A memória que se apaga no fechar do olhar.
A despedida que se faz sem conseguir sonhar.

Perdeu-se tudo com a escuridão da noite.
E o diabo ganhou.
E toda a gente esquece.

Mas lá fora chove. E troveja. E existe ruído.
O céu abre para revoltar espíritos.
O vento transforma-se em tempestade.
Não se pode dormir! Renasce um acreditar!

O conforto da casa deixa de ser solução.
As amarras da distância tornam-se improvisos.
As pingas purificam a passada acelerada.
O desejo transforma-se em chama com o frio.
E a porta é a sirene que não deixa o pesadelo instalar-se!
O reencontro é agora.

E a mudança acontece por ele.
E o olhar faz acreditar.
E o reencontro é o presente.
E o cruzamento é só de um sentido para o futuro.


E o dia nasce! E ambos brilham como um só!

Sem comentários: