24 janeiro 2005

Raiva amorosa pela semântica

Que desejo de escrever
Tentar naufragar no infinito
Rodear-me de paisagens bíblicas
Decidir o rumo de um rio
Pranto de uma lágrima que minto

Vontade de mudar o mundo
Com gritos de ardina
Destreza de pensamentos irracionais
Envoltos numa neblina primitiva
Resto de uma mentalidade perdida

Que pesadelo, esta conversão!
Procurar o harém no deserto
Vendo só miragens reais
Da corrupção mental
Porque é que tento?

Porque talvez me realize,
Me transforme em maioral
Dance entre véus de beleza
Acorrentados à religião,
Pela vida de um errante impontual

Como as frases que escrevo,
Palpitando a raiva estúpida
Da não concretização humana
Da prosa tão idealizada.

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