02 dezembro 2005

Para Ti...


 Numa auto-estrada de memórias,
À velocidade dos sentimentos,
O teu rosto passa constantemente.
A lembrar um vazio de momentos,
Esquecidos por não aceitar o adeus.

Mostrei na tua última aparição,
O espírito rochoso, inquebrável!
Fragmentos e pó, era o que corria no coração.
Fora, pedra. Dentro, desfeito papel.
Escrito por lágrimas contidas.

Depois, tudo se eclipsou. Já eras passado.
Recusava-me a pensar no céu.
Preferia aguentar-me no inferno.
Cresci mentalmente. Forte. Inabalável.
Só te encontrava aqui. Neste caderno.

Este… Que tantas vezes se molhou.
Gotejado por lágrimas puras.
Regozijos indispensáveis.
Para me manter com a essência.
Que me transmitistes e transmites.

O teu rosto, desejo rever.
O teu abraço, desejo perdurar.
A tua voz, desejo conjugar.
A tua presença, desejo guardar.
Tudo em mim, para ser como tu.

Avô, pela primeira vez escrevo,
Escrevo aqui, nesta folha, nesta tatuagem,
Neste dia, que renasço a ver a tua imagem.
Não te esqueci, apenas acobardei este momento.
Com medo de não perceber este sentimento.

Obrigado.

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bom!! Muita classe a abordar toda esta mescla que e a vida!! Gostei de todos!! Devias publicar muitos mais!!! Parabens