16 junho 2010

Os números do desemprego

O secretário de Estado do Emprego rejeitou hoje que a descida de 1,8% do número de desempregados inscritos nos centros de emprego em Maio se deva apenas a empregos sazonais.

"A sazonalidade existe sempre, mas esta é a maior descida em 37 meses. E nesse espaço de tempo houve três períodos sazonais", disse o secretário de Estado, numa conferência de imprensa hoje em Lisboa.

"A descida deve-se sobretudo às empresas que criaram emprego. A melhoria da situação económica permitiu às empresas contratarem mais pessoas", acrescentou.

Para o responsável, esta é uma "boa notícia" que revela "uma tendência que está a acontecer" de diminuição do desemprego.

Valter Lemos admitiu, no entanto, que a sazonalidade explica alguma da diminuição do número de inscritos nos centros.

"As razões da sazonalidade são boas, não quero dar a ideia que temos menos dez mil desempregados só devido à acção do Governo", referiu.

O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) anunciou hoje que o número de desempregados inscritos nos centros de emprego em Portugal desceu 1,8% em Maio face ao mês anterior, para 560.751, e aumentou 14,6% face a Maio do ano passado.

De acordo com IEFP, "esta é a maior descida, em valor absoluto, e em cadeia, nos últimos 37 meses".

Para o secretário de Estado, não há contradição entre os valores recentemente divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que estima numa taxa de desemprego de 10,8 por cento em Abril, e os dados do IEFP.

"Aquilo que a OCDE e o Eurostat apresentam são estimativas baseadas num histórico, não nos dados reais. No final do trimestre teremos os dados finais apurados pelo Instituto Nacional de Estatística e nessa altura esses dados são adoptados por esses organismos", explicou.

Para o governante, os números hoje conhecidos são "congruentes" com os divulgados terça-feira pelo Eurostat, nos quais se lia que Portugal travou a destruição de emprego no primeiro trimestre do ano.

"Eu sempre disse que no segundo trimestre teríamos uma inversa da tendência no que respeitava aos números do desemprego. Estamos a ter e estou convencida que a taxa de emprego oficial do segundo trimestre venha a demonstrar isso", afirmou Valter Lemos.

O Governo "mantém", assim, a previsão de uma taxa de desemprego de 9,8% este ano.

in Diário Económico

1. A OCDE e o EUROSTAT só servem às vezes. Confirma.

2. O IEFP consegue lançar dados precisos antes dos dados devidamente emitido pelo INE. Confirma.

3. O Secretário de Estado analisa os valores do (des)emprego pelas inscrições no IEFP e não pela qualidade, duração, remuneração do emprego. Confirma.

4. Os números são simplesmente frios? Confirma.

5. Uma pequena questão... Aqueles 3000 inscritos que entraram para os estágios PEPAC estão incluídos nesses números correcto? Os protocolos seriam assinados durante este mês e serão incluídos no relatório final do INE correcto?

6. Então a maior descida dos últimos 37 meses está directamente ligada a estágios precários, durante um ano, cujos protocolos-contratos estão concentrados neste mês e que bloqueiam a entrada durante esse mesmo ano de desempregados para um conjunto de entidades públicas. Confirma.

7. E quando acabarem estas medidas artificiais de emprego? Como serão os dados? Serão negativos? Confirma.

Mas também se confirma que bastava alguém com responsabilidades governativas dizer isso frontalmente para eu me calar... Mas não. É sempre esta guerra de números de "merda" entre o Governo e a comunicação social onde ninguém se lembra de pergunta como é que esses números aparecem!

 

Volta Santana Lopes que estás perdoado!

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