22 junho 2010

As Presidenciais… Parte III

3. Cavaco Silva

O que dizer de um dos pais (a par de Mário Soares) destes políticos menores...

Uma política pouco imaginativa que limitou-se a criar auto-estradas e esquecer que o tecido empresarial português deveria ser reestruturado. O homem que mais fundos comunitários recebeu e distribuiu sem qualquer fiscalização. Aquele que ampliou drasticamente o "bicho" Administração Pública sem aplicar uma qualquer reforma estruturante. O líder dos anos 90, que limitou-se a "deixar andar". A personagem que... tanta coisa má que dava um romance!

Como Presidente da República foi mais do mesmo. Cavaco é a pessoa que mais vez disse no seu subconsciente "deixa andar que só ganho com esse jogo do silêncio - não silêncio - interpretem". É impressionante como ele se limita a ser estéril, acabando por se tornar poderoso, pois nós tentámos interpretar o que ele diz nas entrelinhas, quando ele não diz nada! Nada! É nulidade pura e dura.

Mas, o certo é que existem imensas pessoas que o adoram por essa simplicidade de pensamento, pois também não querem pensar que há maldade nessa postura. Mas há! É por essas pessoas que Cavaco irá à luta e ontem isso ficou provado.

A estratégia de desgaste constante de Sócrates é exactamente o oposto da estratégia de Cavaco, mas em Portugal ambas têm funcionado, é certo.

Porquê?

Porque Cavaco, ao promulgar o diploma que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo provocou uma ondinha de contestação à sua candidatura, que mais não foi do que medir quem estava inequivocamente com ele.

Porque Cavaco, ao não comparecer no funeral de Saramago, numa jogada de oportunismo politico inequívoco, reconquistou o seu eleitorado base e relançou definitivamente a sua campanha, pois só faltou por causa dos "netinhos". Isto, avaliando cinicamente, é brilhantíssimo - mais brilhante que o timming de Cavaco e da filha dele para venderem as acções do BPN. :).

Porque o PSD precisa de Cavaco - é o pai - para dissolver na altura certa a AR. Nem Cavaco, nem PPCoelho morrem de amores um pelo outro, mas precisam ambos um do outro em alturas pontuais e não se renegarão. Depois, desconfio que Cavaco trocará a não entrada no Governo de PPCoelho dos seus senadores, por cargos de importância estratégica económica, ou na criação do tal sonho da "câmara alta" de PPCoelho.

Porque o PP é Cavaco actualmente. Historicamente, o PP até deveria possuir um certo ressentimento para com Cavaco, pois as maiorias PSD nos dois mandatos de Cavaco transformaram o CDS no partido do táxi. Daí, não ser de estranhar que o nome lançado para roubar 5% a Cavaco na primeira volta ser Bagão Félix. Mas, isso seria suicida para o actual PP, pois depende de um eleitorado que cresceu financeiramente com os apoios comunitários sem vigilância que Cavaco deu.

Porque o actual PS também não vê com maus olhos Cavaco - crise económica, desgaste de Sócrates, frescura de PPCoelho, ódio a Alegre = a novo ciclo interno dentro do PS. Certamente muitas nomeações serão feitas proximamente para os boys encontrarem estabilidade durante a travessia no deserto.

Por isto e muito mais, que hoje não me apetece analisar, Cavaco possui todos os argumentos para conquistar a vitória à primeira volta. Caso não consiga, será interessante a esquerda do centro-direita justificar como perdeu a segunda volta, pois uma segunda volta deixa de depender dos candidatos e passa a depender dos partidos, e não acredito que o BE ou o PCP votem Cavaco ou em branco nessa segunda volta...

Para mim, Cavaco mostrou ser um não-político demasiado preocupado com o seu eleitorado político. Coisa típica de um mau-político...

Conclusão das três partes da minha prematura análise:

Se juntar-mos os três candidatos, nem um bom candidato temos. Por isso, vamos tentar o impossível - conseguir convencer o candidato Vieira a ir mesmo até ao fim. Ele consegue facilmente as assinaturas se quiser, e se tudo correr bem, mostrará que a política portuguesa esta putrefacta.

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