28 setembro 2009

New Political Management vol.1

O PS festejou (ou não, por falta de adesão popular no seu quartel general) uma pseudo vitória, que é tão falsa como a vitória do PSD nas europeias. De resto, com muita pena minha, por partilhar com ele o brasão pyngüynico, foi Alberto Martins que à 3 meses havia dito que o PSD não ganhara as europeias, quem tinha perdido as mesmas era o PS. Ontem aconteceu isso ao contrário (os resultados percentuais até são parecidos), havendo somente troca de partidos, e foi Sócrates que fez a figura triste que coubera a Rangel no passado, de festejar uma derrota como se fosse uma vitória (parece qualquer coisa à Benfica esta frase!).

1. Se o PS não ganhou e o PSD perdeu, quem ganhou foi somente o CDS-PP, para grande alívio de Sócrates. Agora as politicas mais de direita que marcaram estes 4 anos e meio, podem ser justificadas pela necessidade de diálogo com o PP. Paulo Portas conseguiu ainda mostrar que o eleitorado base do CDS será sempre acima do 8% caso não esteja directamente no poder. Resta saber se PP quer mais tempo no PP, porque se não quiser então o PS azul bebé vai em frente!
2. O BE perdeu, e perdeu por expectativas demasiado grandes num líder que não consegue jogar tão bem fora do Parlamento (debate com Sócrates) como lá dentro. Ganhou um enorme número de novos votantes, mas perdeu a capacidade de ver muitos dos seus projectos-lei serem aprovados por cedência do PS. É um partido em crescimento e que poderá tirar proveitos da nova politica de direita desta legislatura.
3. A CDU perdeu, e perdeu por não saber capitalizar as questões que tão bem trabalha nos sindicatos. Havia descontentamento, o povo estava na rua, e a CDU, qual canto do cisne, organizou manif´s para o BE ir lá com meia dúzia de activistas para abarbatar os votos. No entanto, continua forte nos sindicatos, e com uma nova imagem (basta ver o quão chato foi o discurso de J. de Sousa) talvez também capitalize para a próxima.
4. E o grande derrotado foi…PSD. O objectivo era ficar a menos de 2% do PS, para depois, com a mãozinha de Cavaco, conseguir constituir um governo minoritário com o PP e imitar o que Cavaco havia feito com um governo minoritário, bastando esperar que o BE também fizesse a sua parte, ou seja, censura-se o governo e forçasse novas eleições. Não conseguiu, e agora está tremido… Ninguém no seu juízo perfeito quer pegar naquela bancada parlamentar de “eleição”. Passos Coelho não tem lá ninguém e terá de esperar mais algum tempo para não entrar num campo minado. Santana tem a CML a disputar e depois disso, mesmo que ganhe, não tem força para ir já à luta. Marcello pode capitalizar, vindo do nevoeiro como salvador, pois ele poderá aguentar aquele grupo, mas só depois de Maio é que poderá arriscar, caso um cenário de eleições antecipadas siga em frente. E foi por isso que não assistimos a mais uma bela noite de facadinhas no PSD (apesar de Luís Filipe Meneses ter prestado vassalagem a PPCoelho, Marcello ter mostrado carinho por MFL até Maio e Rui Rio – outro eterno candidato, que até poderá controlar aquela elite parlamentar, cheia de senadores – ter estado com a líder míseros 3-4 minutos, marcando um afastamento da agora besta negra MFL).
5. O PS, agora vai conviver com o PP de uma forma mais interessante e prova disso foi a alegria com que Sócrates atacou Francisco Louça no seu discurso, tendo sido o BE o único partido visado por Sócrates, mesmo para o agrado do PP. E essa convivência será saudável até existir uma perspectiva de eleições antecipadas que traduzam resultados mais convenientes para o PS, se bem que acho que isso só poderá acontecer se MF Leite continuar à frente do PSD, pois esta senhora nos debates quinzenais será de tal modo abafada pelo know-how politiqueiro de Sócrates, que poderá fragilizar ainda mais o PSD (é ai, no final dessa tempestade que surgirá o Marcello, ou se forem eleições muito rápidas, não havendo margem para o grupo parlamentar fazer asneira, até PP Coelho poderá saltar o poleiro). E para cúmulo dos cúmulos, Alegre veio congratular Sócrates via Antena 1. O único homem que poderia estabelecer uma ponte entre o PS e a esquerda, não tem ninguém na AR, ficando fragilizado para uma possível recandidatura à Presidência (se bem que o PS não tem mais ninguém para esse posto, a não ser que assuma a sua nova costela azul bebé.
6. O PR é outro que só perdeu. A MFL não conseguiu dar-lhe a aliança com o PP e as forças de esquerda continuam por lá. Agora, Cavaco terá de gerir as questões mais delicadas muito subtilmente para não provocar eleições sem a certeza de que o PSD está forte, pois isso significará o fim da possibilidade de um segundo mandato. A questão será se Cavaco quer um segundo mandato. É que se não quiser poderá fazer uma “à Sampaio” e dinamitar o AR (uma conversa séria com o líderes e possíveis lideres do PSD, aliado a um descontentamento da esquerda pelo novo PS azul bebé poderá ser o tónico).

Pessoalmente, foi uma boa noite para mim, vi o povo português a trocar as voltas a todos os partidos. Vi o PS de Sócrates a ter que futuramente assumir, caso queira manter o poder – e acho que quer e muito, que é de direita. Vi o PSD pela primeira vez tão atónito que nem uma faca semi-longa (até podia ser de manteiga) atirou. Vi um PP a fazer-me lembrar que o povo esquece tudo que se passou à 6 anos. Vi um BE que não-queria-queria-não ser governo e acaba por não ser nada mais que um grupo de foliões com bocas para o ar na AR mais numeroso. Vi a CDU a aprender que assim não vai lá, pois se o BE coloca notícias nos jornais e associasse às causas pelas quais a CDU luta, então a mensagem que ser mais forte que a do BE. E vi o Cavaco a ter que mostrar de que é que é feito.
Vão ser meses agradáveis, devo confessar.

P.S.: Esqueci-me de uma coisa! Como gosto de apostar, aposto que este ramalhete vai ter um desfecho no dia em que a revisão constitucional (que é já para o ano) chegar à AR.


Magno Neiva

16 setembro 2009

Sou hipócrita

Sou hipócrita.

Sou, sou…

Sou hipócrita porque prefiro sentir-me bem junto dos meus amigos.

Junto daqueles que me fazem descer à realidade do mundo.

Eu sei que não existe o mundo que eu idealizo.

Onde os filmes são vistos e catalogados segundo uma ordem harmoniosa de entretenimento pessoal.

Onde a música é ouvida pelo simples prazer eclético de sons divergentes.

Onde os livros são biografias de alguém que não me importava de ser.

Sou hipócrita.

Sou hipócrita, porque troco o mundo que idealizo, por um segundo da imoralidade de descer á terra e sentir-me bem com o mundo que me rodeia.

Sou hipócrita e todos nós o somos, porque quando acordámos, temos que moldar o sonho à realidade onde vivemos.

É bom ser hipócrita, porque acordámos todos os dias a lutar para não o ser, porque ser hipócrita questiona o nosso ser… porque hipócrita é apenas uma palavra com a qual não queremos mas vamos viver.