19 dezembro 2012

Ajuda


Quando já não há nada a perder,
E esqueces o teu sonho de criança,
Porque a bola já não alimenta as tuas expectativas,
Então sabes que só tens de sobreviver.

Quando o desafio desvaneceu,
E algumas amizades são apenas miragens,
De uma vida que já não te preenche,
Então, tenta aguentar-te.

Quando a vida rumou para um oceano de incertezas,
E todas as sereias desejam o teu naufrágio,
Junto de uma ilha esquecida em desilusão,
Tens de deixar-te bater no chão.

Quando adormeces esquecido da realidade,
E a vontade de acordar foi dizimada,
Então deixa-me estender-te a mão...

Porque quando já não há nada para amar,
O amigo que te acompanhou nas batalhas,
Quer-te junto a ele para mais uma missão,
Porque todas as coisas que fizemos juntos…

Ainda não acabaram. 

Segura-te!

06 dezembro 2012

Mesa Cinco - Capítulo XI (introdução)

Brevemente

“Se o Universo tivesse um coração e bombeasse matéria e energia no espaço para criar estrelas, planetas, cometas, luas, vida… Poderíamos sentir o seu pulso na nossa minúscula e finita existência?
Sim! Eu posso sentir o seu pulso. Sou especial!
Porque sinto o seu pulso cada vez que penso em ti. Cada vez que te vejo. Cada vez que te toco. Cada vez que te sinto.
Porque a tua batida de coração, sentida pela minha mão no outro dia, criou o meu lar, tal como o teu olhar criou a minha terra, tal como o teu beijo criou o meu sistema solar, tal como a tua existência criou o meu Universo.
E, é lindo, perigoso, desconhecido, tentador, único e apaixonante. E, sempre que estou prestes a desistir com medo de me magoar tenho de me convencer que não tentar explorar o “nosso” Universo, este que tu criaste, é cobardia.
Só tenho que ser um calmo navegante e passar este Cabo das Tormentas a que chamamos tempo, para um dia alcançar o destino desejado - a essência da tua alma e… Ser feliz… Fazendo-te feliz.
(A minha inspiração hoje foi pensar o que te escreveria se me despedisse de ti mas, entretanto, qualquer coisa tocou-me no subconsciente. Espero que tenha sido um sonho teu…).
Bom Dia, Musa”




P.S.: Isto não estava para entrar no livro. Primeiro, porque não sabia onde tinha colocado este texto e nunca o consegui reproduzir com tanta acutilância como no dia em que o escrevi. Segundo, porque já o tinha oferecido a alguém. Terceiro, porque a editora já está cheia das minhas adendas. Mas, encontrei-o. Encaixa perfeitamente. Recebi autorização para o partilhar. E, a editora teve que levar com a versão 6.0 hoje. ;)

05 dezembro 2012

MESA 5 - Capitulo Cap. VI (parte)


"P - Ri-me, mas pensei logo como um homem tão diferente gosta sempre de inventar uma forma jocosa para sorrirmos com ele. É um extravagante!
Desci as escadas da ostentação... Daquela casa simples. Ainda ouvi um berro de “Volta sempre!” lá de cima. Agradeci e bati a porta.
E foi essa a informação que saquei dele.
É incrível como ele consegue ser de uma clarividência tremenda a explicar pura e simplesmente que não é uma pessoa normal e faz com que tudo tenha um significado assustador, quase mágico.
Por isso, enquanto saía pelo jardim, já a respirar ar fresco, percebia-me completamente atónito. Pensava nas suas palavras e via um gajo completamente destruído por ter perdido a pessoa que amava. E, para viver continuava a enganar a sua mente dizendo que era egocêntrico.
Tentando arranjar uma justificação lógica para tudo, sem possuir no entanto uma grandiosidade intelectual coerente que realmente justificasse tal raciocínio!
E tudo isso numa exibição tremenda. Ali não houve momentos de realidade. Ele é um grande actor. Pensou tudo ao limite. Não houve clique algum, foi tudo premeditado... Acho eu... Já não sei. Perdi-me...
Entrei para o carro e vi-o a acenar da varanda, e o raio do dia estava lindo. A casa estava fantástica!
Pareciam as suas palavras sobre o amor antes da lógica. Algo fez sentido. O quê não sei. Estava com um pressentimento esquisito, mas positivo.
Ele parecia um parvinho num cenário idílico, todo sorridente.
A rir-se, como se soubesse que me tinha deixado “k.o.”, ou certo que me tinha dado mais do que eu pedira.
Um momento para eu remoer para sempre sem nunca o saber explicar.
Quando dou à chave, oiço o barulho do motor e do arranque do carro a serem abafados pelo som do rádio e fico parvo:

“Because my inside is outside. My right side's on the left side. Cause I'm writing to reach you now but. I might never reach you. Only want to teach you. About you. But that's not you. Do you know it's true. But that won't do. And you know it's you. I'm talking to.”

Ei, isto é demais para a minha cabeça. Porquê esta música, neste momento? Olho para cima e ainda na varanda, ele faz-me sinal positivo - um é isso mesmo!
Mas tenho a janela fechada! Era impossível ele ouvir o que raio passava na rádio! Agora isto sim é assustador. A música resumiu tudo.
Ele queria amar, tentou, e trouxe consigo a justificação que precisava para seguir em frente, para ser hoje o homem que é. Sem nunca ter dito o que tencionara. Sem nunca ter escrito o que queria. Sem nunca ter alcançado quem deveria.
Teve exactamente o que precisava para viver e explicar-me que ninguém sabe absolutamente nada de nada sobre o amor e a vida."