21 janeiro 2013

Primeira Volta? Podia acabar já é o campeonato...


Como já é apanágio meu, gosto de escrever e analisar o estado do Sporting em momentos precisos. Daí, escrever somente no fim da primeira volta, no fim do campeonato e no início de época, pois considero que para avaliar um trabalho é preciso dar tempo para que este mostre os seus verdadeiros frutos. Uma análise com 15 jogos já disputados no campeonato, mais os das restantes competições permite isso.
Assim sendo, a minha análise passará pelos jogadores, treinadores, direcção e situações avulsas como por exemplo as nossas contas.
Peço um pouco de paciência da vossa parte, principalmente a quem já lê as minhas análises desde que o site as publica, pois não vou inventar a pólvora visto que muitas das situações que vou expor são meras repetições do que já havia escrito, porque para mim só não viu que “isto” ia acontecer quem é incapaz de converter a força que tem na paixão pelo clube numa avaliação séria e honesta. E sabem uma coisa: Amor, paixão, ódio, raiva são sentimentos que vivem altos e baixos numa relação, mas para a relação subsistir no tempo, nos bons e maus momentos, são precisas duas coisas que nunca se podem questionar… Confiança e honestidade, pois são estas a pedras basilares que permitem o brilho das positivas e o repúdio das negativas. Porque quando abraçamos um amor nunca podemos questionar quem por lá passa nos "entretantos", pois essa imagem na cabeça será tatuagem destrutiva nos silêncios do afastamento.
1.       Os Jogadores
O que podemos dizer?
Contratações: Que fizemos contratações más? Não. As contratações foram até bastante convincentes. Jogadores de renome. Com créditos firmados. A custo zero (sim, nunca é a custo zero mas é menos do que transferências). Internacionais pelos seus países. O que faltou. O do costume. Carlos Freitas é bom a encontrar jogadores em conta e de créditos firmados, mas todos eles com um problema em comum: São jogadores que estão em fases completamente indefinidas das suas carreiras. Ora, isso leva a que cheguem ao Sporting sem confiança total nas suas capacidades. Basta o “barco” ou o seu timoneiro não transmitirem força, motivação, confiança e estes banalizam-se. Daí, muitos dos jogadores contratados ficarem atónitos e sem reacção perante um mau início de época e rebuliço interno que logo surgiu com os “notáveis” da brigada do croquete a falarem sem sequer saberem os nomes correctos desses jogadores. Por isso, o grande problema foi o do costume: Não se contrataram jogadores segundo uma avaliação psicológica cuidada. Suspeito que esse nem sequer foi um critério.
Plantel no global: Nesse seguimento, criou-se um grupo de jogadores interessante, mas desde logo privados de liderança. O caso sintomático das constantes mudanças de capitão foi a marca mais profunda desta navegação sem rota definida. Nunca um jogador como o Elias poderia ser capitão do Sporting, mesmo que fosse para o motivar, pois ao motivar-se um jogador corremos o risco de desmotivar uma equipa. Foi o que aconteceu. No passado falei que o Daniel (que já saiu), o Rui e o Fito deveriam ter a missão de liderar o balneário. O Rui por ser o activo mais importante do Sporting destes últimos anos. O Daniel pela forma como sempre defendeu as cores do clube, e o Fito pela personalidade forte e raçuda, para além de ser dos sul-americanos mais experientes no plantel, o que o ajudaria a ser um bom elo de ligação entre grupos. O Onyewu (que nunca deveria ter sido preterido pelo Boulahrouz) também deveria estar nesse lote, ou não tivesse uma personalidade tão forte que chegou mesmo a trocar “mimos” com o Ibra nos tempos do Milan. Por isso, quando os resultados começaram a correr mal, vimos jogadores jovens completamente perdidos. O Cedric como pode jogar bem se (e aqui, culpa do Fito que defendi à pouco) levou um raspanete enorme a meio de um jogo por uma falta que todos os companheiros já fizeram esta época? Assim, joga sobre brasas. O Jeffrén como pode jogar bem se ninguém ainda não o avisou que jogar e twittar não se ajustam bem? O Carrillo como pode jogar bem se o deixam andar nos copos e continuam a pagar o ordenado? É preciso ter uma hierarquia coesa de capitães que saibam falar e articular as competências entre si no balneário. Se é o treinador a fazer este papel, então o discurso fica obsoleto e cria anti-corpos rapidamente com o plantel. Por isso, digo e direi sempre: antes vale comprar jogadores caros, mas verdadeiros campeões do que apostar no escuro só por terem competências técnicas e tácticas interessantes. Porque a juventude que temos é de qualidade e precisa de líderes para os ajudarem a fazer a transição de promessa para certeza.
Um aparte para esta reestruturação do plantel no mercado de Inverno: Não merece reparo. Era esta a aposta correcta desde o início da época.
2.       Treinadores
Sá Pinto: Disse e está para aqui perdido que ele apenas aproveitou o trabalho táctico e físico do Domingos e incutiu-lhe pragmatismo e motivação inicial. O Ricardo é grande Sportinguista, mas não chega. As equipas que apresentou sempre foram defensivas e a jogar pelo seguro (para mim, foi esse o erro inicial do Domingos – não ter sido pragmático e cauteloso desde o início, querendo logo que a equipa brilhasse desde a primeiro jornada), e nunca me convenceram verdadeiramente, pois vi lá níveis muito elevados de motivação com o discurso dele, só que esse discurso fica gasto rapidamente (então com fases negativas) e o treinador fica sem discurso. E, se não tem jogadores capazes de motivarem os colegas, todo o trabalho é destruído. Foi o que aconteceu ao Ricardo. E todos sabemos que o ponto de viragem no discurso foi a final da Taça. Depois, com o começo de época, não havia discurso definido, não havia liderança e o modelo de jogo cauteloso teve que ser logo substituído por modelos de jogo totalmente atacantes, porque no intervalo estávamos sempre a perder. Agora também se percebe que faltou a componente física na pré-época… Mas eu já estava à espera disto.
Oceano: Foi tentada a mesma solução tipo Domingos/Sá, ou foi só para ganhar tempo? Não sei. Sei que foi tempo demais. Contudo, o mais grave é Oceano ter continuado na equipa técnica seguinte. Fragilizou logo qualquer discurso do Franky.
Franky: O homem veio para aqui passear. Até ele já sabia o desfecho disto. O Oceano foi o elo de ligação com o passado. Treinadores adjuntos da sua confiança, nem vê-los. Um discurso de apoio num dia no outro ambiguidades por parte da Direcção. Contudo, uma coisa: ele parece mesmo fraco. Porque até nas substituições e esquemas de jogo vimos más ideias. Muitas más ideias…
Jesualdo: Teve logo um discurso coerente. Não prometeu uma equipa a jogar bom futebol em 2 meses. Prometeu que todas as situações iriam ser analisadas e resolvidas a seu tempo. Prometeu evoluções jogo a jogo. É o discurso óbvio. Só o que foram precisos três treinadores anteriores para isso acontecer… Foi também o homem que definiu quem eram os capitães e colocou-lhes essa responsabilidade numa conferência de imprensa bem conseguida. E fala sobre a situação do clube com verdadeira sinceridade. Gosto do que estou a ver. Mas, verdade seja dita, foi um golo aos 89 minutos no primeiro jogo, um bom jogo depois e um grande Rui Patrício no terceiro. Se os resultados fossem ao contrário… Espero que o mantenham mesmo que haja período eleitoral.
3.       Dirigentes
Carlos Freitas: Já está identificado como o homem incapaz de contratar jogadores com perfil de campeão. Ainda bem que saiu porque a nível de vendas também é muito mau.
Luís Duque: Suspeito que foi para o Sporting com a cabeça nos processos que tem em tribunal. Não mostrou o homem do Sporting campeão, mas verdade seja dita, é preciso não esquecer que o futebol mudou muito desde a sua última passagem.
Jesualdo: Se como treinador está bem. Como dirigente foi um alcoviteiro. É a realidade.
Eduardo Barroso: Coloco-o aqui com Presidente da Mesa da AG, mas falarei dele como comentador mais à frente. Considero que está a fazer um trabalho horrível. Tem sido uma verdadeira oposição interna do clube. Vejo nele a personificação do que disse no início: É daquelas pessoas que não consegue criar confiança e honestidade por força da paixão que sente pelo clube e dinamita muito o clube. Contudo, excelente ideia de a AG ser em Fevereiro. Se forem provocadas eleições que sejam depois do mercado estar fechado. Assim, muito dificilmente se vão prometer jogadores “a torto e a direito” e vamos analisar projectos (espero eu). Para além disso, permite uma outra coisa: a possível estabilidade na equipa técnica, pelo menos, até ao fim do ano.
Godinho: É o grande responsável de eu não ter quase nada de positivo a dizer sobre esta primeira volta. Não é líder. Rodeou-se das pessoas erradas para conseguir votos fáceis. Não percebe de futebol (isso então, imaginem o que é o Bill Gates não perceber de Windows? Porque o “core” do negócio é o futebol. Tem que perceber minimamente). O seu discurso é quase idêntico ao ministro da propaganda do Saddam. E, colocou-se a jeito. Mas fez isso desde o início. Por isso, não seria de esperar outro resultado que não este. Chego a sentir pena dele. Foi visto pelos seus parceiros da altura como um meio para um fim (o Barbosa e Cristovão olharam para ele com o ex-presidente mandatário das suas próprias candidaturas no futuro), mas quando as coisas começaram a correr mal, cada um por motivos díspares, abandonaram o barco – mas ambos são muito piores que o Godinho (que isto fique registado para o futuro) – pois, confiar o clube a eles? Não, obrigado. Podia continuar a cascar no Godinho durante mais cem páginas, mas ele é o produto de todo um grupo interno do Sporting que mais não é do que a “brigada do c(roquete)”. Pessoas que se servem do clube e incapazes de o servirem, mas com conhecimentos suficientes para passarem entre os pingos da chuva como autênticas cobras cuspideiras.
4.       Avulsos
Situação Financeira: Alguém sabe a verdadeira situação financeira? Eu não. Nem aquela famosa auditoria que iria identificar os culpados por ela foi transparente, pois foram os culpados a auditar. Não quero pronunciar-me desta nova ideia que apareceu no “Expresso”, pois parece mostrar só pontos positivos e eu não acredito que a banca seja perdularia. Espero que esta direcção não hipoteque o futuro do Sporting com mais um acordo ruinoso para o clube, mas não para, novamente, a “brigada do c(roquete)”.
A Política de Comunicação: Talvez a área que mais reestruturação precisa a par do futebol. É cada um por si. Não existe uma linha coerente. Os dirigentes dizem o que querem. Os treinadores também. Os jogadores nem se fala. Uma verdadeira bandalhada que só provoca uma coisa: problemas desnecessários. Se não existem directivas sobre este ou aquele tema… Então silêncio. É tão fácil fazer isso. Mas como não existe liderança, o fogo-de-artifício é fácil de produzir. Um exemplo do nosso maior rival (temos que ser sérios nisto): O Jesus criticou os empresários de forma contundente. Deixou avisos. Não vi o Rui Costa ou o LFVieira falarem sobre isso. As competências estavam definidas e em caso de más expressões, certamente que tudo foi resolvido internamente.
E, mais duas coisas sobre este tema: Que comentadores são este que temos na televisão? O Eduardo Barroso não pode “estar dentro e fora” ao mesmo tempo. Se espicaçado, ele abre o livro todo de uma forma que ainda consegue criar mais confusão. O Rui Oliveira, tenho para mim que não consegue ver 90 minutos de um jogo, pois deve passar mais tempo a petiscar na tribuna, pois consegue ser uma perfeita nulidade. Então a nível técnico-táctico, suspeito que um miúdo de 12 anos a jogar FM lhe ensine imenso. É quase humilhante ter um representante assim. Por isso, por incrível que pareça, até é o Dias Ferreira o melhor dos três. E para eu dizer isso é porque os critérios estão baixíssimos.
Sugestão: Comunicado a anunciar que o Sporting não se revê neles. É fácil. Retirando isso as televisões vão repensar a estratégia. Vão ter com o Sporting e vão perguntar nomes a título de sugestão. E, aí, basta indicar pessoas que percebam de futebol, mas que possuam um bom olhar crítico (o problema é que esta direcção não pode sugerir ninguém assim, porque não conhece J ).
Outra coisa é a política de comunicação nas camadas jovens. Recentemente vi no jornal local da minha cidade a entrevista de um miúdo de 12 anos que entrou para a Academia e o título era que sonhava ser como o Messi e jogar no Barcelona. Com 12 anos e já diz isso? Mas o Sporting não tem ninguém que consiga formatar a cabeça dos miúdos desde essa idade para apreciarem o clube, ou pelo menos não dizerem essas coisas? É que a este ritmo vamos acabar por perder muitos jovens antes do tempo – antes de uma boa venda, pelo menos. Eu digo isto porque como o futebol tem evoluído, um bom jogador aos 17 anos já pode fazer parte do plantel principal, pelo menos a part-time, assim estou a falar de um miúdo que daqui a 5 anos pode estar na equipa principal. Convém incutir nesses talentos uma política de comunicação que engrandeça o Sporting, no mínimo. Assim, no futuro, os talentos que ficarem cá, podem ser os tais líderes que guiam o balneário. Não é preciso meter ex-jogadores nas equipas técnicas, é preciso meter bons comunicadores, bons professores, que criem elos de ligação entre o clube e os jovens, para estes últimos verem o clube como um fim em si mesmo e não um meio para um fim. Chamem-me maquiavélico, mas azar. Se os treinamos, também os temos que meter a gostar do clube no futuro.
E, pronto. Este é o testamento que vos quero impingir. Falta-me falar de um ou outro tema. Mas as palavras começam a escassear perante a tristeza que me dá em falar de coisas tão óbvias, mas que tanta gente teima em não querer ver.
Sinceramente, nem eu sei qual é a melhor solução para o clube. Se ficar como está, se mudar com eleições. Acho só que tem que mudar algo. Mas para isso é preciso parar e pensar. E só vejo precipitações de todos os lados… Sei que o clube não pode parar, mas uma pausa de uns 2 meses faziam tão bem para todos metermos o dedo nas nossas consciências e tentar construir uma relação com base na confiança e honestidade ao redor deste nosso grande amor…

Saudações Leoninas,
Magno Alexandre Neiva

12 janeiro 2013

Eu? Sim. Sou assim.


Sou horrível a acabar algo.
Sou perfeito a elaborar planos de gestão, planos de contenção, planos de rectificação, planos de tudo…
Mas, planos que envolvam decisões finitas…
Se eu torço para que o plano A falhe porque quero sempre experimentar o plano B (e o C, D,E, etc.)…
Não me escolham!
Nunca vejo um fim.
 Encontro sempre um “entretanto”. Encontro sempre um “mas”. Encontro sempre um “talvez”.
Não sou de confiança….
Sou demasiado idealista para pensar num fim, quando tudo para mim é um começo…