Só os Jovens podem quebrar
Nota Introdutória
Este livro não vai ser fácil de
escrever. É escuro. Escuro demais até para a minha imaginação. Totalmente diferente do anterior.
O pano de fundo é um país dividido, perdido e sem esperança. A personagem principal é um homem cheio de bons valores mas sem espaço para os aplicar numa sociedade que se irá limitar a usá-lo e deitá-lo fora em cada degrau que ele percorre até à descida para uma decisão irreversível. Não sei se vou conseguir transmitir tudo isso nele e nas ligações dele com as outras personagens. Contudo, estes dois primeiros capítulos são dos poucos onde teremos a ideia de que as coisas podem ser melhores. Mas não o serão. Fica já o aviso. O primeiro dá um cheirinho sobre a sociedade a que ele pertence e a forma como ele vive. O segundo mostra amor e… sexo. Porquê? Porque nem tudo é o que parece… E mais para a frente certamente este capítulo que parece muito terno e até intenso, não será assimilado da mesma maneira…
O pano de fundo é um país dividido, perdido e sem esperança. A personagem principal é um homem cheio de bons valores mas sem espaço para os aplicar numa sociedade que se irá limitar a usá-lo e deitá-lo fora em cada degrau que ele percorre até à descida para uma decisão irreversível. Não sei se vou conseguir transmitir tudo isso nele e nas ligações dele com as outras personagens. Contudo, estes dois primeiros capítulos são dos poucos onde teremos a ideia de que as coisas podem ser melhores. Mas não o serão. Fica já o aviso. O primeiro dá um cheirinho sobre a sociedade a que ele pertence e a forma como ele vive. O segundo mostra amor e… sexo. Porquê? Porque nem tudo é o que parece… E mais para a frente certamente este capítulo que parece muito terno e até intenso, não será assimilado da mesma maneira…
Os restantes capítulos estão
totalmente estruturados no guião e na minha cabeça… Apenas não estão desfragmentados
em inúmeras palavras.
Capítulo 1
00.58 - Quarta-feira, 15 de
Novembro de 2012:
Não consigo adormecer! Bem que
queria, mas lá fora o estado caótico da cidade angustiada lança uma nuvem de
raiva que rodeia a minha janela e ameaça entrar em cada uma das frinchas sob a
forma de um ar frio, húmido e melancólico, para tornar este meu pequeno e
último refúgio em mais um canto sem esperança, neste local abandonado por Deus.
Oiço gritos de protesto e
contra movimentações de agressão indiferenciada a ecoarem pelas paredes do
apartamento, como se o início de uma guerra civil não fosse um pensamento
descabido, mas uma palpável acendalha junto de madeira e combustível.
São manifestantes a levarem o
seu direito à indignação a extremos de destruição gratuita e polícias de
intervenção com ordens totalitárias para não deixarem a indignação ter voz
física nas paredes, nas montras, nas estradas. A única marca permitida nas
ordens que ressoam chama-se sangue. Sangue intimidatório.
Oiço um estouro enorme! E nas paredes
do quarto, fogo encardido reflecte-se como se uma chama estivesse a passear ao
longo da rua.
Mas, se existe verdadeiro
“cocktail molotov”, este é de pessoas contra pessoas a explodirem-se umas
contra as outras, apenas com raiva nos olhos.
O simples motivo que originou
tudo no dia de hoje - umas estarem contra as acções de governantes que não se
importam com as especificidades das suas necessidades e outras estarem a
cumprir ordens para salvaguardar as suas próprias necessidades – apenas serve a
quem provocou o caos.
Quem provocou o caos,
certamente não foram os que agora se confrontam.
Foram aqueles que não possuem
coragem para dar a cara. Frente a frente perante as adversidades. Aqueles que
devem assumir as suas responsabilidades. Explicar as suas acções. Demonstrar a
coragem humana de liderança.
Porque quem provocou o caos
alimenta-se deste. Da sua natureza monstruosa. Destruidora de sonhos
simplicistas. Criadora de medos, intrinsecamente assimiláveis.
Quem criou esta babilônia precisa de cinzas de corajosos entes menores para se reconstruir. Refundar
novas ideias de poder. Confronto entre classes de irmãos. Incerteza e
indefinição. Tempo e desespero.
Finalmente, subserviência de
almas despojadas de força para lutar… Ansiosas por um pão duro.
E, porque ser rastilho,
incitador, instigador, inflamador, é extremamente fácil quando a protecção está
assegurada por princípios nucleares da natureza humana que verifica numa
personagem facilmente detestável a possibilidade de redenção, caso a protecção
física falhe.
Porque quem hoje luta contra
irmãos com raiva… Amanhã, invariavelmente, perdoará quem o considera filho
bastardo.
Mas ainda quero dormir. Preciso
de dormir.
Aqui sozinho. Longe da confusão
enorme que preenche os cantos à povoada rua.
Aqui sozinho. No meu pequeno
canto, que preenche todos os requisitos para fechar os olhos e sonhar com dias
melhores.
Amanhã tenho que trabalhar!
Tenho tanta coisa para fazer!
Já não durmo bem há dias e
estou desgastado com toda esta situação. Todo este cinzento que reside na
sociedade.
Como deixamos chegar as coisas
a este ponto? E porque é que eu continuo a pensar? Porque é que estou
preocupado? Tenho o meu emprego. Tenho a minha casa. Tenho a minha vida. Tenho
comida no estômago… Sobrevivo.
Neste momento, sobreviver é a
única forma de viver. Principalmente para quem tem um cadastro como o meu.
Será que tenho alguma coisa
para tomar na farmácia?
Levanto-me? Sim. Aproveito para
mijar, que pode sempre ajudar qualquer coisa.
Como é que ainda consegue-se
ouvir o barulho lá fora? Que coisa feia.
Os meus pés vibram num taco
convertido em onda de madeira desconforme. Até o pó acumulado levita, tal é a
agitação lá fora.
Cada passada, longe do recolher
reconfortante que é a minha cama torna-se um foco de angústia, incerteza, medo.
A porta da casa-de-banho também
está a baloiçar ao som de cada petardo. Ao menos as paredes não estão a perder
tinta ou a rachar…
Entro na divisão mais fria da
casa mas também a mais clara. A luz que acende-se, por instantes encandeia os
meus cansados olhos. Mas recupero rapidamente a visão, para encontrar o espelho
da farmácia a mostrar-me uma cara desgastada, destruída, doente, desumanizada.
Abro a farmácia. Não quero mais
ver esta figura que não conheço!
Mas está completamente vazia de
medicamentos.
Ela levou-os todos quando fugiu…
Deixa-me mijar. Pelo menos
isso.
Como o mijo flui tão branco até
à retrete? Sem dúvida, não estou a abusar na alimentação. Um pequeno prazer, esvaziar a bexiga. Está a saber bem. Isto, certamente, vai reconfortar-me e
acalmar-me. Vou adormecer bem, sem dúvida.
Acabo. Sacudo. Viro-me e lavo
as mãos. Purificação do corpo. Sinto-me bem. O barulho torna-se secundário
perante a certeza de que agora vou dormir. É uma certeza que trago comigo.
Atiro-me para a cama e enrolo-me
nos cobertores! E o corpo parece saber que vai aquecer rapidamente! Volto a um
estado de relaxamento que já não sentia a algum tempo!
Levantar-me foi boa ideia! Até
deu para esquecer um bocado o barulho.
E, agora a reaquecer o corpo,
tudo parece bater certo.
Os problemas acontecem. Toda as
civilizações, melhor… Toda a humanidade vive de recorrências históricas.
Se este é um período negro? É,
claro. Mas podemos dar a volta por cima. Como tantas vezes se deu, e se dará.
Eles, lá fora, vão perceber isso.
E quem manda também vai perceber isso. As coisas vão mudar. O meu emprego vai
melhorar as condições. A minha vida vai dar uma volta.
Talvez, até ela perceba que
errou e volte para mim! Sim, isso pode acontecer. Eu estou aqui à sua espera.
Crente que vai voltar a reparar em mim e nas atitudes certas que tomei.
Porque raio me sinto tão
perdido? Foda-se! Fiz tudo bem. Agi sempre correctamente. Não percebo! Merda!
Quero dormir!
Respira Artur. Respira. O mundo
está em pantanas lá fora e tu estás a pensar nela? Sempre a pensar nela? Ela
trocou-te! Escolheu o teu benjamim. Num momento em que deveria apoiar-te. Estar
lá para ti. Ela fugiu logo para os braços dele! Nem te deu tempo de remendar as
coisas! E tu agiste sempre para a proteger! Ela tem um filho. É dele. Foste
traído. Pára de pensar nela e dorme, caralho!
Amanhã tenho que fazer a troca
dos cd’s de gravação. Se não zelar por aquilo também ninguém se importa. É
esquisito como uma central que alimenta toda uma cidade, uma verdeira peça
estratégica, deixa que a segurança seja tão descurada.
Realmente, com tanto dinheiro
lá investido, com esta turbulência nas ruas, a administração ter investido
milhares na frota automóvel e manter o raio do sistema de vigilância no século
passado… Paspalhos. É que nem reforçaram no pessoal. Só estou eu e o Pedro. E à
vez. Se acontece alguma coisa a um de nós, a central fica completamente
desprotegida. Porra! É que se me chamam para substituir o Pedro por qualquer
motivo, ainda demoro uns bons quarenta minutos a chegar lá… E não há mais
ninguém no imediato. Vão meter um funcionário administrativo na sala de
segurança até eu chegar? É isso. Amanhã, se tiver tempo, vou elaborar um plano
de contingência para qualquer eventualidade e falo com o Pedro na troca de
turno a ver se ele concorda. Se estiver bem até o levo à administração. Não que
me paguem qualquer coi…
Capítulo 2
A luz entra candidamente,
conforme a porta se abre no quente e aconchegante quarto. Irradia uma cama
preenchida por um enrugado cobertor que protege o corpo masculino,
completamente nu. Pele humana e pelo artificial, misturados numa perfeita
sincronia de protecção ao sonho que habita no subconsciente deste ser deitado.
Mas se a porta abre, é porque são
duas as almas que agora partilham este espaço.
O doce cheiro, naquela suave
pele coberta por uma camisa larga de homem que esconde a perfeição de um corpo
feminino, rapidamente atinge a mesma dimensão de grandiosidade que a luz
trouxera inicialmente à divisão.
Os passos são carinhosos demais
para fazer o soalho tremer. Apenas levantam pequenas partículas de pólen
depositadas no chão, pois este quarto faz fronteira com todo um colorido
jardim, que está ainda semi-tapado pelo cortinado prestes a afastar-se em cada
passo que aquele ser único, impossível de amar plenamente sem se viver
eternamente, dá. Faltam quatro suaves passos… Três suaves passos. Dois suaves
passos, um suave passo. Todos dados sem que o corpo deitado acorde.
O cortinado é afastado para um
dia fantástico entrar, mas mesmo assim os olhos mantêm-se fechados. Terá que
ser o toque daquela mulher perfeita, a acordá-lo.
Ela ajoelha-se junto à face
dele e não sussurra nada de imediato. Fica imóvel. A guardar uma
fotografia mental daquela cara a sonhar.
Ele não é lindo. Ele não é
bom. Ele não é genial. Ele é normal.
Completamente normal. Sem traços característicos. Olhos
castanhos. Cabelo preto. Pele clara. Normal.
Tudo que o faz especial está no
interior. Na pessoa honesta, pura, lutadora, idealista e única que também é. Na
forma como ama e deixa-se amar pela mulher que finalmente estica-se, para
carinhosamente tocar no cabelo dele.
Os espaços entre os dedos são
rapidamente preenchidos com um terno deslizar da mão junto a uma raiz bem negra. O movimento é contínuo e
reconfortante. Demais até, se o objectivo é acordar alguém.
Por isso é que a saliva ganha
força nos lábios… E suavemente a voz expele doces palavras
que começam o monólogo prestes a transformar-se em diálogo:
--
Cátia : Amor. Mor. Acorda. Está
na hora. Abre os olhos.
--
Um preguiçoso olho com remela abre e cria rugas na face dele. Mas
a imagem… O cheiro... A luz... Um sorriso de felicidade é rapidamente o motor
que liga todo o mole corpo para presenciar aquela paisagem divina.
Linda. De olhar aveludado e intensamente
atento, cabelo dourado e marcadamente lustroso, lábios carnais e
misteriosamente brilhantes.
Perfeita. De pele clara e
magnificamente cheirosa, corpo fantástico e magicamente esculpido.
Única. Com uma personalidade ímpar: Genial, inteligente,
simpática, trabalhadora, emotiva, apaixonada e todos os antônimos dessas
palavras de um momento para o outro, tal é a charmosa tempestade que habita na
sua alma.
A musa para tudo de bom que
este homem é. A eterna paixão dele. A única capaz de o
fazer levantar para as vinte e quatro horas mais importantes da vida de
ambos:
--
C: Anda. Está na hora. Hoje é o
teu grande dia! Já tenho o teu pequeno-almoço
preparado.
Artur: Olá!
C: Olá!
A: Amo-te!
C: Eu também te amo… Mas vou-te
bater se não te pões a pé!
A: Então bate! Não
saio daqui!
C: Já te preparei o
pequeno-almoço. Tens a roupa toda engomada.
O teu discurso está na mala. Acordei-te com muito carinho e cuidado. E estás a
fazer-te de preguiça, mor?
A: Sim! Tens que me tirar daqui
à força!
C: Anda lá!
--
Cátia levanta-se e começa a puxar-lhe o cobertor com um sorriso cerrado. Artur
prende-se ao cobertor como se fosse um manto real.
Só que Cátia, com uma mistura
de força e jeito, consegue puxar para si o espólio da preguiça. Fica a visão de
um homem despido à sua frente…
--
C: Que bonito! Parvinho. Anda
lá vestir-te!
A: Não! Tens que me tirar à força da cama!
C: Hoje é o teu dia Artur! Não podes chegar atrasado. Anda lá! Deixa-te de
criancices! Não vou aí! Estás a deixar-me
chateada agora!
--
Artur levanta-se rapidamente.
Confronta rosto masculino com rosto feminino. Sorriso completo com sorriso
escondido. Pele nua com tecido suave. Olhar intenso com olhar desconfiado.
Lábios despertos com lábios trincados. Paixão
com hesitação.
E prende-a a si rapidamente com
a força de uns braços,
até agora repousados.
--
C: Artur, arre! Não! Estamos atrasados.
A: Um beijo?
C: Já sei que se te beijo, tu
vais querer mais. Não!
A: Um. Prometo. E vou
vestir-me.
C: Um só.
--
Mas, um beijo nunca é só um
beijo.
É o mecanismo que liga todos os outros sentidos.
É a lembrança
que perdura no sabor dos lábios.
É o vírus que se alastra para o arrepiar da pele.
É o toque que encoraja os corpos a unirem-se mutuamente.
É o choque que deixa os órgãos num hiato momentâneo.
É o pavio para a intimidade ardentemente desejada.
É a primeira batida que sai dos sentimentos guardados
nos corações de dois amantes.
Um beijo nunca é só um beijo….
São dois… São
três... São quatro… São suaves… São
deliciosos… São puros… São sedutores… São
intensos… São o começo…
Os dois amantes percebem isso
com a mesma rapidez que um relâmpago percebe que encanta os
olhares indiscretos da humanidade ao rasgar o céu de forma visível na janela do
quarto, nesse preciso momento.
Como o relâmpago, rapidamente a camisa é rasgada do corpo
feminino, incapaz de suster o desejo de um homem possuído por uma paixão que o faz transformar-se num enorme pedaço de pele musculada, que anseia por tocar em todas as
partes que unem a si um outro corpo também já despedido.
O descer dos lábios masculinos
para perto de um ouvido feminino, que agora já só deseja ouvir gemidos, provoca
veias salientes, cheias de paixão bombeada rapidamente por um
coração que começa a
ganhar a batalha a um cérebro prestes a perder objectividade:
--
C: Mor… É melhor… Melhor… Parar.
A: Sim. Daqui a nada…
C: Mor. Não temos… temp… Mo…
A: Xiuuuu…
--
A cama rapidamente volta a ser
ocupada num salto de fé que estremece as molas.
Pelos dois.
Unidos como um só.
Primeiro ele. O animal que
percorre o corpo dela com a asperidade arrepiante e excitante de umas mãos bem vincadas, e a humidade medida de uns lábios que
se unem aos dentes para suavemente trincar os seios femininos, nos interregnos
de uma língua incapaz de ficar quieta, tal é o sabor da suave e frutada pele
desta mulher perfeita.
Primeiro ele. O animal que
afasta as pernas dela com a força dos seus braços para descer beijo a beijo, toque a toque, a sua cabeça até à união de
anatomicamente diferentes lábios. Os dedos juntam-se rapidamente, tal é a chama
e a necessidade de toque. As cuecas dela desaparecem instantaneamente para um
canto do quarto.
O barulho já não mais se vai basear em palavras devidamente
conjugadas, mas sim em honestos gemidos de prazer.
E gemido a gemido cresce o
desejo.
Primeiro ele. O animal sobe
repentinamente os seus lábios de volta aos seios, de volta à boca dela. As
pernas continuam afastadas. Mas agora separadas por um tronco másculo que começa a movimentar-se, como que perdido à procura de um
ponto de união. É o músculo completamente erecto dele que encontra o
encaixe perfeito.
E os movimentos começam a ser constantes.
E as línguas prendem-se uma à
outra para abafar o barulho dos gemidos.
E a cama cria um som mecânico, demonstrativo da força com que a penetração
é efectuada.
E o suor a escorrer pelo corpo
dele demonstra que estes minutos, que mais parecem eternos segundos de prazer,
são intensos.
E uma força suprema percorre o corpo dela.
Agora ela. A divindade que
consegue fugir do encaixe, só para sorrir e virar em força um corpo duas vezes
mais pesado que ela à sua mercê. Pois é a sua vez de usar o desejo em benefício
próprio, com a sua boca a beijar ferozmente o salgado corpo masculino.
Agora ela. A divindade que com
a língua deixa desesperado, mas curioso, o homem que a observa a descer pelo
seu corpo.
Mas pára de repente, olha
cerradamente e sorri maquiavelicamente para ele, antes de continuar a descida
do prazer, só para o seu loiro cabelo tapar toda a erótica visão que ele teria no momento em que a mão dela agarra-o com toda a força.
Antes de abrir a boca e soltar
a língua, mais um levantar da cabeça
para que ele tenha a certeza que está a ver a mais bela mulher do seu mundo,
com um olhar completamente fulminante para o seu frágil coração de animal.
O cabelo desta vez só tapa
parte da visão, pois a cabeça afasta-se para que a língua tenha espaço para se mover e a boca abrir, para com movimentos
suaves, juntas fazerem desaparecer todo o órgão
masculino, deste homem que já só revira os olhos, tal é o prazer.
Agora ela. A divindade acha que
chega de gozo dividido. Mostra todo o esplendor das suas formas com um elevar
poderoso do seu corpo, e com a mão
prende no seu interior a erecção que atinge uma dureza
tremenda.
E a cama torna-se numa visão estonteante de um corpo a levitar sobre o outro numa
clara sinfonia de sentidos despertos. Rangue, tal é o saltar de um sobre o
outro.
Aquela figura divina dança presa ao animal com cada vez mais violência.
O seu rabo começa a serpentear incessantemente enquanto os seios criam
uma vibração pelo corpo sedutoramente
erguido.
A energia é demasiado intensa
para durar muito mais tempo.
Os gemidos começam a sincronização.
O corpo dela desce para voltar
a tocar o dele. As mãos de ambos agarram-se
mutuamente com uma vontade arrepiante. Os olhares cruzam-se num rodopio
extasiante. Os lábios retornam a sentir a saliva de ambos. Uns rápidos e finais
movimentos…
A paixão é sentida como electricidade. Como um relâmpago. Como o primeiro beijo do dia…
Como o verbo amar é conjugado
num último gemido conjunto.
Um beijo nunca é só um beijo.