27 agosto 2013

Manta da vida


Reconhece-me no caminho de casa.
Alegra-me no rodar da fechadura.
Prende-me no subir da escadaria.
Não se deve desperdiçar a eternidade do momento.

Encosta-me na força da parede.
Ilumina-me no escuro do quarto.
Aquece-me no frio da cama.
Não se pode suster a eternidade do momento.

Sente-me na hora da paixão.
Resgata-me no início do sonho.
Despreza-me no acordar do dia.
Não se pode acreditar na eternidade do momento.

Sorri-me no silêncio do adeus.
Escreve-me no papel da memória.
Perde-me na recordação do olhar.
Não se pode sobreviver à eternidade do momento.

Chora-me no aceitar da perda.
Festeja-me no fim do sentimento.
Ama-me no recomeço da vida.
Não se pode esquecer a eternidade do momento.

Reconhece-me. Alegra-me. Prende-me.   
Encosta-me. Ilumina-me. Aquece-me.
Sente-me. Resgata-me. Despreza-me.
Sorri-me. Escreve-me. Perde-me.
Chora-me. Festeja-me… E,
Ama-me na eternidade do momento.