01 novembro 2013

Só os Jovens podem quebrar (Parte solta)

“O quarto cheira a casa. A casa!
Não no sentido de odor, fragrância, perfume… Não é corporal.
Não são eles ali deitados. Nem a roupa da cama, suada por eles. Ou as farpelas espalhadas pelo chão… Não é tecido.
Não é a madeira dos móveis. Tão pouco é o plástico electrónico. Sequer é o vidro das luzes que os iluminam… Não é fabricado.
Cheira a casa porque eles estão juntos. Tudo é familiar. Tudo é memória. Tudo é fácil. Tudo faz sentido. 
De novo! De novo. De novo…
São eles.
Juntos são os alicerces que suportam o peso do passado. O cimento que estrutura o espaço do presente. A tinta que dá cor a um futuro.
Cheira a casa!
E um novo acordar é o recheio que decora o momento…
O primeiro reencontro… Cheio de medo… Tudo parece perfeito demais… Fácil demais. Seguro demais. Até para quem partilha o mesmo tecto depois de uma longa travessia.
Ambos estão demasiado presos à ideia de que o outro, do nada, dirá algo que afecte profundamente as fundações deste recomeço...
Os olhares são de crianças aventureiras.
Os sorrisos de adolescentes decididos.
Os suspiros de adultos conscientes.
Os silêncios de idosos cautelosos.

Nenhuma palavra é ouvida mas tudo é dito…”


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